NO PAÍS DO INTELECTUAL
No país do Intelectual
Desde sempre se aprende
Que oito mais oito são oitenta.
Se você disser que é 16
Você ainda não aprendeu a ser intelectual.
 
Nas escolas intelectuais
Todo dia se ensina
Que o certo é andar
De ponta cabeça
E de pernas para o ar.
 
Se alguém nesse país aparece
Andando de cabeça para cima
Os intelectuais logo chiam,
Dizendo ser aquilo um absurdo,
E como se é de costume,
Acusam o pobre coitado
Que insiste em andar de cabeça para cima
De ser preconceituoso.
 
Mas, como não se pode deixar de ser,
Nesse dito país da intelectualidade
As calçadas não são para pedestres,
Mas são para os carros,
E os carros, não se sabe como,
Têm que teimosamente andarem
Com às rodas para cima.
 
Já não bastasse essa loucura,
Nesse dito país inventaram
Que o trêm têm que andar na rodovia
E os ônibus na linha de trêm
E aí do Trêm e do ônibus que não seguir a regra.
 
Já se saiu num lanroj
Pois lá jornal se escreve do contrário,
Que um dito trêm foi levado a julgamento,
E teve que entrar num Tribunal perante um Juiz,
Pois em vez de andar em rodovia,
O coitado do Trêm teimava em andar na linha do Trêm,
E teve que passar a humilhação
De ser condenado a todo dia ter
Que levar, não sei como nem me perguntem,
Uma andorinha ao outro lado do País,
Mas não andando pela rodovia, mas voando pelo céu.
 
Mas, como tudo no País do Intelectual
Nada é da forma como deveria ser,
Nem os aviões, helicópteros, barcos e navios
Escaparam da sanha louca do Intelectualismo
Naquele dito País inteloctuóide.
Os navios e barcos agora têm que saírem voando
Enquanto aviões e helicópteros
Têm que navegarem no mar.
 
Mas aconteceu que nesse dito país,
Uma família decidiu que seus filhos
Não iriam a Escola Intelectual,
E o dito casal resolveu ensinar seus filhos
Que oito mais oito são 16.
 
Mas, os robôs controladores de pensamento
Do Governo Intelectual, que são cheios de ódio
E de todo tipo de coisa abjeta,
Logo descobriram tal coisa e denunciaram tal casal.
 
O Intelectual ao saber que os filhos
Sabiam que oito mais oito são 16,
Não se conformou com o abandono intelectual,
Pois para ser intelectual
Têm que saber que oito mais oito são oitenta.
 
Mas, aqueles lá não eram intelectuais mas inteligentes,
E a isso o intelectual não poderia perdoar.
E portanto, como no País do Intelectual
Todo mundo têm que ser burro
O pobre casal foi condenado
A deixar seus filhos a se tornarem intelectuais
Aprendendo que oito mais oito são oitenta,
Que nove mais nove são quinhentos,
E que se deve andar de pernas pro ar,
Pois não pode ninguém ali escapar
Ou fugir da ditadura do Intelectualismo
Que ensina a todo mundo a ser burro ao quadrado.

 

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